Para ser político é preciso ser político


Para ser político é preciso ser político

Para ser político é preciso ter um nome fácil de pronunciar. Prefira pelas abreviações ou um apelido bem popular. São nessas horas que Luiz Inácio vira Lula e Francisco vira Chico. Para não ser confundido, coloque sobrenomes-pontos-de-referência: Fulano da Farmácia, Sicrano Fotógrafo ou Beltrano da Saúde, do Esporte, do Sindicato.

Para ser político é preciso parecer ser do povão. Finja ser um ser humano normal e “mortal”. No período eleitoral, câmera na mão e uma volta pelo transporte público. Uma boa oportunidade para se atualizar sobre o preço da passagem e perceber o quanto os seus amigos proprietários de empresas de transporte faturam com o dinheiro suado (literalmente) da população e saber qual linha faz o itinerário do seu trabalho para casa e quem sabe descobrir o nome da rua que passa atrás da sua residência.

Para ser político é preciso ter sorte e ser cara-de-pau ao ponto de fazer o povo esquecer daquilo que prometeu – e não cumpriu – e fazer essas mesmas promessas com a mesma firmeza um dia convenceu. Seja diplomático, parceiro dos parceiros e até dos adversários. Não exagere nas doses de críticas. Lembre que num futuro breve poderão ser parceiros em alianças partidárias e serem obrigados a distribuírem sorrisos de melhores amigos.

Para ser político é preciso mexer com a imaginação e com sonhos de todo um povo. Prometa que ruas e calçadas novas irão surgir, buracos desaparecer e empregos surgirem do além. Nessa cidade, o povo irá tropeçar em tantos médicos e policiais e as crianças serão mais felizes as das propagandas de margarina. Ainda irão surgir viadutos, pontes, indústrias e casas populares que pareciam tão irreais antes do período eleitoral.

No final de tudo isso, ganhe e relaxe! Você ainda terá mais quatro anos para pensar em novas – ou velhas – propostas para se reeleger. E lembre-se: para ser político, é preciso é ser político.

*Vacy Alvaro ainda tenta acreditar em políticos sérios e jamais votará nulo.

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